Roteiro Inacabado

"O que você faria se não tivesse medo?"A pergunta visitava sua mente de minuto em minuto, em uma repetição enlouquecedora. Procurava centenas de respostas, mas, no fundo, já sabia."Arriscaria para ser feliz".E foi assim que ela resolveu.

30 de jun. de 2009

Tristeza Permitida...

..."Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem por isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor - até que venha a próxima, normais que somos."

Trecho da Crônica Tristeza Permitida - Martha Medeiros

29 de jun. de 2009

Eu morreria de orgulho. Morreria de ilusão, morreria de ócio. Morreria de crenças e também de temores.Morreria de orkut. De preguiça. De brigas e tragédias. Morreria de copos d’água, de birras e manhas, morreria de cagaços e covardias.Morreria de receio, morreria de desviar do trânsito. Morreria de porres homéricos. De omissões e de denúncias não feitas. De injustiça. De egoísmo. Morreria de ataques loucos à macarronadas. Morreria de falta de confiança, de falta de determinação e de menos-valia. De DR’s sem fim. De superficialidade.Morreria de acreditar em mentiras e em verdades desnecessárias. De vinganças. De invejas. De desesperança. De tempo perdido.De decisões adiadas, remédio não tomados, atitudes desesperadas. De conclusões precipitadas. De não ouvir a mim mesma. Morreria de ciúmes, de dor, de amor.

PANIS ET CIRCENCES (Um nariz de palhaço me cai bem)

Eu adorava o Bozo.Ok, também tinha um pouco de medo – e não sou a única que tem medo de palhaços.
Mas eu adorava o Bozo porque ele me fazia rir todas as tardes, especialmente dos seus cabelos arrepiados em todas as direções, sua maquiagem mal feita e de seu grande nariz vermelho. Sempre fazendo brincadeiras pra deixar todo mundo sorrindo, amigo da criançada, motivo de alegrias, risadas e bom humor, o Bozo era espontâneo e divertido. E cada vez que o Bozo dizia “Oi amiguinho!”, eu sentia que era para mim. Ele me cumprimentava! - e eu amava o Bozo.


Até que um dia uma criança mandou o Bozo tomar no cu. E naquele dia, o Bozo se tornou a minha Primeira Grande Decepção, ao sair pela tangente e dizer “O que, amiguinho? Sua casa está cheia de urubu?”, em vez de retrucar um sonoro vai-à-merda.

Não sei se foi meu primeiro exemplo de passividade diante das peças e ingratidões da vida, mas nunca me recuperei. E arrisco dizer: o Bozo é quem devia pagar a minha análise.


Quantas e quantas vezes não recebi um “bozo-vai-tomar-no-cu” e fingi estar falando sobre urubus? Quantas vezes me deparei com a realidade nua e crua, e por conta da minha imensa incapacidade de admitir falhas e imprevistos, olhei pro outro lado, na esperança de que, ao olhar de novo, ela não estivesse mais ali, sorrindo para mim? Quantas vezes fingi estar fazendo coisas por amor e apreço, quando na verdade era uma simples questão de precisar me virar?


Ainda hoje me pego em situações em que, se poderia reclamar da falta de honestidade/clareza/objetividade alheia, não posso me dizer menos do que responsável por cada uma destas atitudes que tanto me ofendem. Minha mania de demonstrar força e superioridade frente aos vai-tomar-no-cu da vida já adquiriu uma precisão suíça, de uma ciência exata, e se tornou difícil tirar do meu rosto um sorriso que, tal como o do Bozo, é absolutamente fake.


De repente, não mais que de repente, como uma rolha que aflora numa superfície líquida, vejo a imagem: estou em meio do picadeiro, vestindo sapatos enormes e equilibrando pratos, uma cartola na cabeça. Na platéia, todos aqueles que um dia, invariavelmente, me atiraram pipocas. Tento, piada após piada, arrancar uma risada sincera que não seja de meu comportamento ridículo, de minha falsa sensação de segurança enquanto jogo para o ar dezenas de bolinhas e tento pegá-las novamente. O resultado é sempre um definitivo fracasso.


A platéia se enche, as pipocas se tornam tomates. E os tomates se tornam pequenos objetos cortantes, que fazem pequenos machucados, pequenos arranhões no ego desta criança-palhaço, que nunca desiste de agradar a platéia, de recuperar no ar suas bolinhas, suas memórias, seus amores, suas falhas, suas lutas.


O sino toca. Abandono meus pratos, minhas bolinhas, minha cartola e minha fantasia. Tento retirar a maquiagem e tenho certa dificuldade, pois já faz parte de minha pele há muito tempo. Saio da tenda principal em cima de saltos, e acredito que o show acabou. Não olho para trás.


Entretanto, minha primeira olhada no espelho revela a força de toda a minha fraqueza e de minha subjugação: grudado, justo, reluzente, rindo e acenando para mim, um grande sorriso pintado de vermelho.


E um incansável nariz de palhaço.

22 de jun. de 2009

...

Paciência.

Mais paciência com as pessoas, mais tolerância com o mundo, mais calma no trânsito. Saber esperar pela hora certa, saber administrar a ansiedade, a angústia, e preencher um grande vazio com coisas belas e coloridas. Eu quero saber aguentar!

Tirar a lente cinza através da qual tenho visto as coisas, exorcizar de mim meu lado blasè. Eu quero me arriscar!

Eu quero sentir! Quero expressar! Eu quero libertar dos meus pés essas amarras imaginárias, e tirar essa máscara suprema que cobre meu rosto. Eu quero poder falhar!

Eu quero dizer que amo! Que adoro, que admiro, que gostei de estar do lado dele. Quero dizer que sofri, que me magoei, quero dizer que fiquei esperando. Quero dizer que fiquei ansiosa. Eu quero me expor!

Eu quero dizer que me importo! E que me importo muito, mais do que você ou do que ela, mais do que um tanto assim junto. Eu quero me importar cada vez mais!

Chega de fazer pose, chegar de massacrar meus sentimentos, chega de desconfiança.

Eu quero mudar!

O lago de gelo no qual me aprisionei está se quebrando, a água está escorrendo, e eu estou flutuando. Chega de achar que não mereço! Que não posso. Que não devo.

Devo, posso, QUERO!

Quero gritar pro mundo o quanto eu quero, que quero demais, que quero mais, que quero poder querer. Que quero me jogar no mar e olhar o dragão bem nos olhos, pra arrancar suas lágrimas. Eu quero chorar sem medo.

Porque QUERO! E quero demais tudo isso, tudo aquilo, bem aqui. Quero tudo junto. O veneno e o antídoto, o mal e a cura, o problema e a solução. Quero o belo e o feio, o círculo e a elipse, o branco e o preto, o grande e o minúsculo, choro e risos, umidade e aridez. Mas quero tudo. Nada menos que tudo.

Porque o que eu quero é poder ser tonta, idiota, otária, afobada, insegura, precipitada, mal-amada e até iludida. Mas o que eu quero mesmo é ser feliz.

Jogo x Compulsão

- Então, qual é o problema?
- O problema... o problema, doutora, é que eu não consigo parar.
- Hm... parar de que?- Parar de jogar, doutora. Sou jogadora compulsiva.
- Hm... e há quanto tempo a senhora joga?
- Começou quando eu tinha mais ou menos 15 anos.
- Sei... e com que frequência você jogava?
- Todo dia, o tempo todo. Você não imagina como é horrível, doutora. Você aposta, perde tudo. Não aguenta o fracasso, aposta mais ainda, ganha metade do que já perdeu. Não se contenta, aposta tudo o que tem. Sempre acha que da próxima vez vai dar certo. E acaba sempre sem nada.
- Posso imaginar... hm... o que você disse por último?
- Que você acaba sempre sem nada. Não você, doutora, eu!
- Me conta, você continua jogando?
- Sabe que é estranho doutora? Olha que loucura. Apostei com minha irmã que ia parar de jogar.
E ganhei, porque não joguei mais mesmo. 2 semanas já. Mas de lá pra cá, vivo apostando com ela que consigo ficar sem jogar.
- ...?
- Isso não seria continuar jogando?(Ouch! Fatality. You win. I lost. Game Over.)__________________________________________________________
Diagnóstico: Jogadora patológica. Baixo controle de impulsos. Auxílio psicoterápico necessário.

21 de jun. de 2009

Eu e a Trapezista...

O pior desse negócio de quebrar a cara com freqüência é que você vai adotando certos cuidados, tirando aos poucos toda a graça da aventura amorosa.
Eu, que sempre fui maluca e arrojada quando se tratava do sentimento com nome de paçoquinha, me vejo agora olhando para os lados com desconfiança, avaliando o terreno, como uma barata de laboratório cansada de levar choques a cada passo em falso.
Dizem que é bom ter cuidado, ir com calma, essas coisas. Sei não, sei não... Sinto-me como a velha trapezista que, balançando-se presa por um cabo de segurança e vendo a rede lá embaixo, dá um sorriso triste e sente saudades do tempo em que se lançava no vazio de olhos vendados.

O tempo...

Um homem e uma mulher encontraram-se e logo se apaixonaram perdidamente, o que até seria quase vulgar, não fossem as circunstâncias adversas que fizeram com que esse amor ainda mal começara e já fosse. Acontece que a mulher vivia no presente, cada dia de uma vez, como se fosse o último. Por outro lado, o homem vivia no futuro, cada dia era para ele o primeiro de todos os que se seguiriam. E foi desta maneira que ainda mal se haviam apaixonado e já o amor era passado. A moral desta história a seu tempo chegará. É só ter paciência!
Eu não peço que me entendam, porque isso vem sendo complicado demais até prá mim.
Então eu não exijo que ninguém compreenda exatamente o que se passa pela minha cabeça quando me fogem as palavras ao tentar explicar todo esse mar de sentimentos que me toma o pensamento a cada pôr do sol.
De certa forma eu tenho medo, e o medo é uma das razões pelas quais ando tendo tanto receio em dizer sim às coisas. Minha ex-terapeuta me dizia: tens é medo de ser feliz! Dizia que afasto a felicidade de mim como os loucos afastam de si a realidade, que pode ser doída demais. Talvez ela sempre esteve certa.
Então eu não peço que você me entenda, e não peço que me apóie e não peço nem que me ame – este é o não mais difícil de ser exercitado. Mas não nego que tenho medo que, quando você descobrir que aquarela confusa sou eu, se afaste de mim e tudo o que sobrará será um imenso mar de coisas que não aconteceram.

18 de jun. de 2009

Que você invadiu a minha vida, o mundo sabe. Que você me faz uma pessoa melhor, quem está em volta agradece. Que você existe, eu duvido.

16 de jun. de 2009

"Não há vento que não seja favorável para quem sabe aonde ir"
(?)

14 de jun. de 2009

Quando eu era criança...


(…)


1) Quando eu era criança, acreditava que as estrelas eram os olhos de Deus, que piscavam de vez em quando para a gente apenas para que soubéssemos que havia um cara lá em cima de olho nas traquinagens que aprontávamos.


2) Quando eu era criança, assistia aos desenhos do Ligeirinho e me encantava ao ver aqueles feijões mexicanos que pulavam sozinhos. Uma das maiores frustrações de minha infância foi essa: nunca comi feijões que pulam.


3) Quando eu era criança, minha avó dizia que eu devia cuspir longe as sementes de melancia, porque se engolisse uma delas por acidente nasceriam outras melancias dentro do meu estômago. Pensava comigo mesmo: "ué, será que é assim que as mães ficam grávidas?".


4) Quando eu era criança, mantinha sempre os meus olhos atentos ao chão, porque acreditava piamente que um dia encontraria uma lâmpada mágica igual à do Aladim. O único problema é que o gênio provavelmente só saberia falar árabe, e eu ficava angustiada pensando em como conseguiria me fazer entender. Aliás, eu tinha na ponta da língua o primeiro pedido que faria ao gênio: "quero que o senhor me conceda mais cinqüenta desejos!".


5) Quando eu era criança, assisti a uma reportagem sobre um tal "morto que riu". A matéria relatava que durante um velório um dos presentes resolveu tirar uma foto do morto dentro do caixão. No entanto quando ele foi revelar os negativos levou o maior dos sustos, porque o morto aparecera sorrindo na fotografia. Até hoje sinto calafrios toda vez que lembro da cara do finado (sim, o "Fantástico" exibiu o retrato do mesmo no final da matéria). A propósito, eu também tinha medo de qualquer reportagem apresentada pelo Hélio Costa.


6) Quando eu era criança, acreditava que sempre chovia nos dias de Finados. E que essa chuva era na verdade as lágrimas derramadas pelos mortos que ficavam emocionados ao ver suas famílias visitando (ou não) seus túmulos.


7) Quando eu era criança, minha mãe dizia que se eu imitasse um gago por mais de cinco minutos, ficaria assim para sempre. Desde então, toda vez que eu imitava um ga-ga-gago, ficava de olho no cronômetro do meu relógio digital e esperava até que dessem exatamente quatro minutos e cinqüenta e nove segundos, para cessar a brincadeira bem em cima do deadline.


8) Quando eu era criança, me apaixonei irremediavelmente pelo Patrick Swayze em Caçadores de Emoção. Talvez seja essa a razão da minha atração inconsciente por surfistas, sejam eles calhordas ou não.


9) Quando eu era criança, morria de medo de ficar engasgada com uma bala Soft. Certo dia, batata: realmente me engasguei com uma que ficou entalada na garganta. Fiquei tão desesperada que comecei a correr estabanada pelos corredores da casa da minha avó procurando por ajuda; no susto, acabei engolindo a maldita. Nunca mais pus uma Soft na boca.


10) Quando eu era criança, não conseguia entender como funciona o tal do Amor (aliás, a adulta aqui continua sem entender patavina nenhuma). Ficava imaginando: "pôxa, mas e se a minha alma gêmea morar na Finlândia ou na Nova Zelândia? Como a gente vai fazer pra se encontrar?".

Conversa entre amigas..


O problema é que também somos movidas por TESÃO e isso nos fode - literalmente.

12 de jun. de 2009

Amo tua voz e tua cor... E teu jeito de fazer amor
Revirando os olhos e o tapete, suspirando em falsete coisas que eu nem sei contar...
Ser feliz é tudo que se quer...Ah! Esse maldito fecheclair
De repente a gente rasga a roupa e uma febre muito louca faz o corpo arrepiar...
Depois do terceiro ou quarto copo tudo que vier eu topo, tudo que vier, vem bem!
Quando bebo perco o juízo, não me responsabilizo nem por mim nem por ninguém...

Não quero ficar na tua vida como uma paixão mal resolvida, dessas que a gente tem ciúme e se encharca de perfume faz que tenta se matar...

Vou ficar até o fim do dia decorando tua geografia...
E essa aventura em carne e osso deixa marcas no pescoço, faz a gente levitar...
Tens um não sei que de paraíso e o corpo mais preciso que o mais lindo dos mortais!
Tens uma beleza infinita e a boca mais bonita que a minha já tocou...

Paixão (Kleiton e Kleidir)

Próxima parada: Farol de Santa Marta


Talvez hoje a melhor coisa que eu faça é colocar um CD pra tocar, calar a boca e pensar. Mas só talvez...

5 de jun. de 2009

Não preciso de muito dinheiro graças à Deus...



Passar um final de semana na Cidade Maravilhosa com amigas inacreditáveis, NÃO TEM PREÇO! Que ELE os abençoe... amém!

O que a gente não diz

Oi, tudo bem?

Tudo. (muito melhor agora, meu deus, como tu tá lindo homidedeus!)

Demorei?

Nah. (se eu tivesse que esperar num pau de arara apanhando na sola do pé pra ter essa visão, ainda assim estaria feliz)

Vamos almoçar onde?

Onde achares melhor. (lá em casa, no meio dos lençóis, ouvindo U2, por favoooooor)

Pode ser no italiano?

Pode. (desisti de almoçar, vou te raptar agora e te levar pra República Tcheca)

Não está com fome?

Não. (Como é que alguém pode pensar em comer com tudo isso pra olhar? Eu quero é ficar decorando cada detalhezinho dessa imagem, deusdocéu)

Não queres sobremesa?

Não. (a única sobremesa que me interessa não está no buffet, meu querido, se bem que com chantilly deve ficar ótemo)

Então vamos?

Vamos. (tu não vais me agarrar, me pegar no colo, me deitar no solo e me fazer mulher? Não? Como assim?)

Tu estás tão quieta, algum problema?

Não, tudo bem. (Tá tudo bem, só não tô sentindo o lado esquerdo, meus pés congelaram, tô com taquicardia e faz uma hora e meia que não tenho notícia alguma do meu estômago).

Então, tá. Te cuida. Bom te ver.

Tchau. (agora dá licença que eu vou ali me atirar debaixo da primeira jamanta carregada de concreto que aparecer)

3 de jun. de 2009

Será o Cosmos???



Alguma parada cósmica tá rolando e as pessoas estão entrando em parafuso. É gente tendo crise de ansiedade, gastrite de tanto sentir frio no estômago. É gente agindo de maneiras absolutamente imprevisíveis, fazendo coisas que até Deus duvida. É gente perdendo o sono e um pouco da fome, de tanto matutar as mesmas coisas, de tanto correr atrás do próprio rabo. É gente.

A mim resta tirar os sapatos, acender um cigarro e contemplar a Lua. Andei perdendo umas noites de sono também, emagreci uns quilos de tanto passar nervoso e meu cabelo tá caindo. Mas tá tudo bem.

Ando observando muito as pessoas e a forma com que cada uma delas está lidando com as lições desse momento. Algumas ousam e vão mais longe, outras se fecham em suas ostras de comiseração e desaparecem para o mundo. Mas quase todas morrem de medo de sofrer.

Houve um dia em que também fui assim. Mas desde que aceitei a correnteza da vida e parei de ser peixinho querendo controlar oceano, tá tudo assim, mais nítido e mais claro.

O que antes eram muros percebo que sempre foram lombadas, e que é só espichar um pouquinho o pescoço para perceber que ali, logo depois daquela curva, tem uma flor brotando da falha do concreto. Que há sempre um pouco mais de dor prá sofrer, que nunca ninguém morreu de amor.

Morre-se de fraqueza, de preguiça e de falta de coragem. Morre-se de angústia. Morre-se de medo.

Então eu olho pro lado, pego a viola e saio prá rua.

Porque os navios estão a salvo nos portos, mas não foi para ficarem ancorados que eles foram feitos.

1 de jun. de 2009

Seus Problemas Acabaram!!! Simpatia INFALÍVEL para o dia DOS NAMORADOS!!!

Se voce está desesperada porque dia 12 está chegando e você está na fissura de encontrar alguém e não consegue, eis aqui minha mais famosa simpatia para o seu desencalhe total:

Simpatia para conquistar seu amor :

Amarre o pescoço do Santo Antonio com o seu mouse, dê 3 voltas com o fio e pendure atrás do monitor.

Baixe pelo Kazaa as seguintes músicas:

- Eguinha pocotó
- Você é meu amor (de qualquer grupo de pagode)
- Segura o Tcham
- Pense em mim, chore por mim.
- Funk das cachorras (ou algo semelhante a isso)
- Ave Maria com Jorge Aragão.

Coloque as caixinhas de som perto do ouvido do Santo, ligue o som em modo repetitivo e faça a seguinte oração:
"Adorado Santo Antonio essa sequencia vai repetir até meu homem surgir."

Saia do quarto, tranque a porta e vá pra rua.

É tiro e queda.Só não esqueça de pedir perdão pro Santo depois.

Eu e a Carolina Ferraz

Lá estou eu, quieta, muito na minha, em frente ao Colégio Militar, logo após fazer duas provas de fundir o cérebro. Esperando uma amiga: calça jeans, bota, blusão, casaco, franja presa.
Com meu inseparável cigarrinho aceso e uma colega, espero pacientemente minha amiga que ficou de me buscar naquele dia de chuva horrível, quando observo uma senhora um pouco mais adiante.
Ela olha pra mim e olha pra bolsa. Olha de novo pra mim e olha pro chão. Com cara de quem pensa: "vou? não vou?" Eu já entro no meu mode de mau humor, prevendo que serei abordada pela senhora para alguma informação que não saberei prestar, ou alguma boa ação que não quererei fazer (e nem poderei, porque não tenho dinheiros no momento).
Então ela se decide. E vem vindo. L-e-n-t-a-m-e-n-t-e. Está tão envergonhada e olha tanto pro chão que mais parece um menino de doze anos prestes a me chamar pra dançar música lenta numa festa americana.
Olho pra ela, começando a preparar a minha cara de "não, não sei", que é muito parecida com a de "não, não tenho" e deixo que ela fale. Eis a pérola: "Você não é aquela moça da novela?" Eu olho pros lados. Moça da novela? Pffffffffffff. Seguro a risada e volto pra senhora: "Não, não sou" (e vejam só como é apenas uma variante do "não, não sei" e do "não, não tenho"). Ela olha de volta: "Tem certeza que você não é a moça da novela?" Eu dou uma risadinha sem graça - enquanto olho para os lados procurando alguém que confirme a minha versão - minha colega, que deve ter rolado rua abaixo de tanto rir - e reitero: "Tenho, sim senhora." [Ora, veja bem, que se eu fosse a Carolina Ferraz ou coisa parecida eu não estaria às quatro da tarde de um dia de chuva e frio, cheia de livros e cadernos na mão em frente ao Colégio Militar, mas sim fazendo uma escova nos cabelos ou estaria tomando um café com o Reynaldo Gianecchini (ora, me deixem, se eu fosse a Carolina Ferraz, eu faria isso) ou me preparando para entrar em cena.]
Ela vai guardando de volta na bolsa o caderninho ou coisa que o valha, onde ela planejava que eu colocasse meu "autógrafo". Fico curiosa: "Mas que moça, hein?" E a mulher então, já se afastando, me fuzila com olhos fulminantes, reflexo da certeza que lhe transborda a alma: "Pois pra mim você É ela!" Me dá as costas e sai andando.
Moral da história: além de ter virado atriz, eu sou antipática e metida. Hoho.