10 de jun. de 2008
Despertar ao som de Caetano. Abrir os olhos e respirar fundo. Inspirar toda a coragem que estiver espalhada em micropartículas pelo ar. Expirar o resto de cansaço que fica assentado no travesseiro. A luz pálida da manhã que ainda não acordou ofusca a visão por alguns segundos. A armadura para a batalha de hoje pendurada na cadeira reluzindo. Arrastar o corpo até o chuveiro como carcaça... o cheiro da cama impregnado. A água morna quase violenta a pele, leva restos da noite ralo abaixo. O cheiro do sabonete invade as narinas e se instala em algum lugar entre o existir e a lembrança, se escondendo entre os poros. Mais tarde vai entrar em comunhão com as fibras da roupa. Os vários aromas misturados do shampoo, condicionador, óleo, sabonete e esfoliante, uma fragância familiar. Familiar até demais para essa hora da manhã, vai deslizando pelo corpo abaixo, se acomodando em cada milímetro. Ritual. Depois de tudo, ganhar a rua. Música ensurdecendo os ouvidos saindo dos dois pequenos cilindros de plástico, encaixados no ouvido. Todo dia é igual. Depois do ônibus, a caminhada pela assis brasil, carona, sempre está tocando Vanessa da Matta e cada rua transversal revela um pedacinho da selva de pedra. Vento nos cabelos. Inquietação no espírito. Djavan sussurrando ao pé do ouvido. A porta da realidade ainda está trancada a essa hora. Atravessar as ruas, o vento bagunçando os cabelos. Chegar à porta. E ver a racionalidade chegar até os pés. Hesitar e adentrar o mundo real, sem reclamar.
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2 comentários:
teste... a Ju não consegue comentar!
Cadê a racionalidade?
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