Roteiro Inacabado

"O que você faria se não tivesse medo?"A pergunta visitava sua mente de minuto em minuto, em uma repetição enlouquecedora. Procurava centenas de respostas, mas, no fundo, já sabia."Arriscaria para ser feliz".E foi assim que ela resolveu.

9 de jul. de 2010

Você me pediu um cigarro

Você foi covarde. Seu amor é forte, seu corpo é fraco. Você foi covarde como tantas vezes fui por acreditar que a coragem viria depois. A coragem não vem depois. A coragem vem antes ou não vem. Não posso amaldiçoar sua covardia. Sua boca não é rápida como suas pernas para me agarrar. Minhas pernas não são tão rápidas quanto minha boca para lhe impedir.


Você foi covarde. Pela gentileza de sempre dizer sim, repetidos sim, quando não estava ouvindo.

Já desfrutei de sua covardia, ríspido recusá-la agora porque não me favorece. Porque não fui escolhido.

Não aquecerei seu prato para servi-la. Não a ajudarei no parto. Não partirei. Serei aquele que deveria ter sido, enterrado sem morrer, o que desapareceu permanecendo perto.

Sou seu constrangimento mais alegre. Sua ferida, seu feriado.

Com o tempo, serei sua vontade de se calar. De se retirar da sala.

Não conhecerá meus hábitos de puxar o café antes de ficar pronto. De abrir as venezianas como quem procura reunir os chinelos ao vento.

Você foi covarde. Os trilhos serão filhos do mato. Nenhum trem mais para sair. Você foi covarde, ninguém iria compreendê-la. Hoje todos a compreendem, menos você mesma. Você não se compreende depois disso.

O que é imenso é estreito. O que é infinito fecha. Até o oceano tem becos e ruas sem saída. Até o oceano.

Sua esperança não diminui a covardia. Quer um conselho? Finge que a dor que sente é a minha para entreter sua dor.

Saudades ficam violentas quando mudamos de endereço. Saudades ficam insuportáveis quando mudamos de sentido.

Você confunde sacrifício com covardia. Compreendo. Eu confundo amor com loucura. Cada um tem seus motivos, sua maneira de se convencer que fez o melhor, fez o que podia.

Você me avisou que não tinha escolha. Nunca teria escolha. Você foi educada com a vida, pediu licença, agradeceu os presentes. Confiou que a vida logo a entenderia. E cederia. Engoliu uma palavra para dormir.

Não serei vizinho de seu sobrenome. Seus nomes esperam um único nome que ficou para trás.

Você não desencarnou, não se encarnou, deixou sua carne parada nas leituras.

Morrer é continuar o que não foi vivido. Vai me continuar sem saber.

Você foi covarde. Com sua ternura pálida, seu medo de tudo, sua polidez em cumprir as promessas.

Você não aprendeu a mentir. Tampouco aprendeu a dizer a verdade.

O dia está escuro e não soprarei a luz ao seu lado. O dia está lento e não haverá movimento nas ruas.

Você não revidou nenhuma das agressões, não revidará mais essa.

Você foi covarde. A mais bela covardia de minha vida. A mais comovida. A mais sincera. A mais dolorida.

O que me atormenta é que sou capaz de amar sua covardia. Foi o que restou de você em mim.




Fabrício Carpinejar


Mais em http://www.fabriciocarpinejar.blogger.com.br/

As coisas simples da vida

Bom mesmo nessa vida é ser superficial. Tudo andando pra frente, na mais falsa normalidade.



E tudo bem. Pra que complicar, não é mesmo?

Crise

Acho que o Grande Roteirista da minha vida está passando por uma espécie de bloqueio criativo. Onde está o acaso? As surpresas divinas? (eu me refiro às boas!!!)

Repita comigo:

É só tpm. É só tpm. É só tpm. É só tpm. É só tpm. É só tpm. É só tpm.

7 de jul. de 2010

Relembrando para esquecer de vez...

Estou com um menino incrível. Eu já conhecia ele antes, agora não sei mais...
Quando a esmola é demais o santo desconfia, como sei que não sou a bolacha mais recheada do pacote, ou a última que é a mais cobiçada... fico pensando e me retraindo. O que fazer?
Meus sentimentos são intensos e confusos. Estou viva e me sinto muitas vezes perdida.

da agenda de 2002 - dia 02/09
"É terrível quando se é uma mulher orientada para a realização, por mais alto que seja o preço que se pague está-se sempre só, quando se chega a qualquer lugar. De forma que nenhum homem jamais terá de ficar"

A Voz do Silêncio

Paula Taitelbaum é uma poeta gaúcha que acaba de lançar seu segundo livro, Sem Vergonha, onde encontrei um poema com apenas dois versos que diz assim: “Pior do que uma voz que cala/É um silêncio que fala”.



Simples. Rápido. E quanta força. Imediatamente me veio a cabeça situações em que o silêncio me disse verdades terríveis, pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.

Um telefone mudo. Um e-mail que não chega. Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca. Silêncios que falam sobre desinteresse, esquecimento, recusas. Quantas coisas são ditas na quietude, depois de uma discussão. O perdão não vem, nem um beijo, nem uma gargalhada para acabar com o clima de tensão. Só ele permanece imutável, o silêncio, a ante-sala do fim.


É mil vezes preferível uma voz que diga coisas que a gente não quer ouvir, pois ao menos as palavras que são ditas indicam uma tentativa de entendimento. Cordas vocais em funcionamento articulam argumentos, expõem suas queixas, jogam limpo. Já o silêncio arquiteta planos que não são compartilhados. Quando nada é dito, nada fica combinado.

Quantas vezes, numa discussão histérica, ouvimos um dos dois gritar: “diz alguma coisa, diz que não me ama mais, mas não fica aí parado me olhando”. É o silêncio de um mandando más notícias para o desespero do outro.

É claro que há muitas situações em que o silêncio é bem-vindo. Para um cara que trabalha com uma britadeira na rua, o silêncio é um bálsamo. Para a professora de uma creche, o silêncio é um presente. Para os seguranças dos shows do Sepultura, o silêncio é uma megasena. Mesmo no amor, quando a relação é sólida e madura, o silêncio a dois não incomoda, pois é o silêncio da paz. O único silêncio que perturba é aquele que fala. E fala alto. É quando ninguém bate a nossa porta, não há recados na secretária eletrônica e mesmo assim você entende a mensagem.

Amor é novela, sexo é cinema...

Quem me conhece sabe o quanto sou uma idealista e o quanto sou romântica (por trás dessa "roupa" de mulher forte, segura e dona de si). Sou uma contradição, agressiva, defensiva... e por ser assim já estraguei muitos dos meus romances, simplesmente por perder o tempo das coisas.
Por muitos anos cultivei um amor imaginário, um amor só meu. Me permiti sonhar e escrever a novela(sempre pensando no final feliz... que nunca veio), queria as declarações, as flores, os beijos e os abraços... mas uma verdadeira história de amor se escreve à dois e não sozinha. Hoje entendo que quis ser a escritora, a roteirista, cinegrafista e principalmente a atriz principal... Egoísta, ia adaptando a minha história com os fatos, achando que um dia ele entraria perfeito em cena (o que nunca aconteceu) e eu falava, explicava, queria a perfeição da relação e do sentimento (que também acho que nunca existiu), me mostrei inteira, de corpo e alma, na ânsia de que ele entendesse do que se tratava. Nunca saberei se me apaixonei pelo homem ou pela história.
Ele também criou uma história, que virou um filme pornô (de quinta categoria) e me deixou como atriz coadjuvante (em segundo plano) ou melhor, me deixou como figurante e como eu queria participar! Como eu queria que o filme dele virasse uma comédia romântica digna de Hollywood! Quis tanto que ele me enxergasse como eu era realmente.
Mas não, eu entrava no jogo, fazia as vontades e me magoava sozinha.
No início ele era o "Anjo" e com o passar do tempo se tornou o "Monstro". Um monstro que eu criei, alimentei. O monstro que por muitos anos eu quis e hoje já não faz mais parte da minha realidade.
Não sei se toda essa (s) história (s) fazem ou fizeram algum sentido, a única coisa que sei é que o que mais quero hoje é começar uma nova...