Roteiro Inacabado

"O que você faria se não tivesse medo?"A pergunta visitava sua mente de minuto em minuto, em uma repetição enlouquecedora. Procurava centenas de respostas, mas, no fundo, já sabia."Arriscaria para ser feliz".E foi assim que ela resolveu.

13 de fev. de 2008

O que faz de um homem um homem?

Culhão. Homem tem que ter culhão. Não aquela macheza de lutador de vale-tudo, nada disso. Isso aí de força física qualquer mané tem, aliás, força física é coisa de mané.

Eu estou falando de culhão, bolas.

Culhão de gostar de mulher forte e não fugir dizendo que prefere uma mulherzinha. De assumir um compromisso e não ficar se refugiando nos braços de umas putinhas de carne firme e bunda empinada quando a coisa apertar, só para se sentir macho. Culhão de botar filho no mundo e cuidar, e agüentar a mulher histérica na gravidez, e agüentar ver o parto sem desmaiar. E ainda ter tesão depois.

Culhão de admitir quando está errado. De bater o pé quando está certo. De encarar a vida e não se acomodar para deixar o sangue esfriar. De chorar quando sentir vontade, porque chorar é coisa pra macho. De se emocionar com algo mais do que futebol. De mandar tudo às favas às vezes e se mandar pra se encontrar. Culhão de ir embora quando as coisas são irreparáveis em vez de sentar a bunda no sofá e esperar uma intervenção divina. De tentar consertar tudo quando vale a pena.

Culhão de viver as coisas mesmo sabendo que pode se dar mal no fim. Mesmo tendo certeza de que vai se dar mal no fim. A vida não tem anestesia e anda de mãos dadas com a dor. De não rir de piadas sem graça para agradar. De assumir o que gosta e o que não gosta mesmo que vire motivo de chacota. De ser absolutamente devotado a algo, música ou uma mulher, sem ter pudores ou se importar com o resto do mundo.

Culhão de ir atrás dos sonhos, por mais bestas e utópicos que pareçam. E conseguir realizá-los e calar a boca de todo mundo. De se vestir como bem entender. De tomar uns porres e dar uns vexames e fazer de novo depois. De pedir colinho quando precisar em vez de ficar se fazendo de fortão. De resistir às tentações da carne, porque a carne é fraca, mas a cabeça não pode ser. De se jogar quando o abismo chama. Culhão de trocar o certo pelo duvidoso sem pestanejar quando tem que ser feito, porque tem que ser feito.

De não fingir. De falar em vez de ficar se esquivando. De não sumir e encarar as coisas quando devem ser encaradas.

Acho que é isso. Culhão. Você tem culhão? Espero que você tenha. Ou que o seu homem tenha. Ou aprenda a ter. Se bem que isso não se aprende, é inerente. Ou você tem, ou você não tem.

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