Levantou-se da poltrona em frente à penteadeira e examinou-se no espelho do quarto. Coxas grossas e roliças, dessas de endoidecer os homens. Passou a mão pela barriga, já ligeiramente pronunciada pelo passar dos anos.
Jogou o cabelo pra trás e passou a língua nos lábios, na vã tentativa de ser sensual.
Fez uma pose que enlouqueceria metade das danceterias
Ligou o rádio. Dançou sozinha uma música romântica da Ana Carolina
Rodopiou sobre si mesma, abriu os braços e cantou bonito com sua vozinha de taquara rachada, quase afônica.
Fez teatro de sombras com a luz do abajur de cetim cor-de-rosa.
Imaginou como o receberia quando ele chegasse.
Contou quantos beijos daria nele, e como reclamaria da barba por fazer e da camisa suada.
Sentiu aquele característico calor quando lembrou dos carinhos brutos dele. Ansiosos. Urgentes.
Jogou-se na cama e adormeceu soluçando, lembrando daquele que não viria mais naquela noite, nem em muitas noites depois.
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