Roteiro Inacabado

"O que você faria se não tivesse medo?"A pergunta visitava sua mente de minuto em minuto, em uma repetição enlouquecedora. Procurava centenas de respostas, mas, no fundo, já sabia."Arriscaria para ser feliz".E foi assim que ela resolveu.

26 de jun. de 2008

O que você faria se só tivesse mais 24 horas?
"A felicidade se constrói de pequenas coisas. Não pense que és o único a sofrer..."
Ter por ter. Vale mesmo a pena?!? Não é preferivel ter por saber?!? Saber o porquê ter?!?. E não ter só por ter. Ter por ter é fácil, é mole, é moleza. Mas tudo bem, a gente se acomoda. Ah se tudo fosse ter por vontade, por desejo, por afinidade. Mas não, não é assim. Talvez ter por ter fosse simples, fácil. Mas não, não é assim. É difícil, complicado. Ter por ter não vale. E ter por saber, é tudo. Basta querer!!!

(www.soul_surfer.blogger.com.br)

O único grande mistério é a diferença sexual

Por Arnaldo Jabor

Está rolando na internet um texto ridículo sobre "mulheres" atribuído a mim. Sou uma besta, todos o sabem; mas não chego a esse relincho lamentável do asno que o escreveu.
Diz coisas como: "A mulher tem um cheirinho gostoso, elas sempre encontram um lugarzinho em nosso ombro..." Uma bosta, atribuída a mim. Toda hora um idiota me copia e joga na rede. Por isso, vou falar um pouco de mulher, eu que mal as entendo na vida.

Não falarei das coxas e seios e bumbuns... Falo de uma aura mais fluida que as percorre. Gosto do olhar de onça, parado, quando queremos seduzi-las, mesmo sinceramente, pois elas sabem que a sinceridade é volúvel, não perdura. Um sorriso de descrédito lhes baila na boca quando lhe fazemos galanteios, mas acreditam assim mesmo, porque elas querem ser amadas, muito mais que desejadas. Elas estão sempre fora da vida social, mesmo quando estão dentro. Podem ser as maiores executivas, mas seu corpo lateja sob o tailleur e lá dentro os órgãos estranham a estatística e o negócio. Elas querem ser vestidas pelo amor. O amor para elas é um lugar onde se sentem seguras, protegidas. O termômetro das mulheres é: "Estou sendo amada ou não? Esse bocejo, seu rosto entediado... será que ele me ama ainda?" A mulher não acredita em nosso amor. Quando tem certeza dele, pára de nos amar. A mulher precisa do homem impalpável, impossível.

As mulheres têm uma queda pelo canalha. O canalha é mais amado que o bonzinho. Ela sofre com o canalha, mas isso a justifica e engrandece, pois ela tem uma missão amorosa: quer que o homem a entenda, mas isso está fora de nosso alcance.

A mulher pensa por metáforas. O homem, por metonímias. Entenderam? Claro que não. Digo melhor, a mulher compõe quadros mentais que se montam em um conjunto simbólico sem fim, como a arte. O homem quer princípio, meio e fim. Não estou falando da mulher sociológica, nem contemporânea, nem política. Falo de um sétimo órgão que todas têm, de um ¿ponto g¿ da alma. Mulher não tem critério; pode amar a vida toda um vagabundo que não merece ou deixar de amar instantaneamente um sujeito devoto. Nada mais terrível que a mulher que cessa de te amar. Você vira um corpo sem órgãos, você vira também uma mulher abandonada. Toda mulher é "Bovary"... e para serem amadas, instilam medo no coração do homem... Carinhosas, mas com perigo no ar. A carinhosa total entedia os machos... ficam claustrofóbicos.

O homem só ama profundamente no ciúme. Só o corno conhece o verdadeiro amor. Mas, curioso, a mulher nunca é corna, mesmo abandonada, humilhada, não é corna. O homem corneado, carente, é feio de ver. A mulher enganada ganha ares de heroína, quase uma santidade. É uma fúria de Deus, é uma vingadora, é até suicida. Mas nunca corna. O homem corno é um palhaço. Ninguém tem pena do corno. O ridículo do corno é que ele achava que a possuía.

A mulher sabe que não tem nada, ela sabe que é um processo de manutenção permanente. O homem só vira homem quando é corneado. A mulher não vira nada nunca. Nem nunca é corneada... pois está sempre se sentindo assim... Como no homossexualismo: a lésbica não é veado. A mulher é poesia. O homem é prosa. Isso não quer dizer que mulher seja do bem e o homem, do mal. Não. Muita vez, seus abismos são venenosos, seu mistério nos mata. A mulher quer ser possuída, mas não só no sexo, tipo ¿me come todinha¿. Falam isso no motel, para nos animar. O homem é pornográfico; a mulher é amorosa. A pornografia é só para homens.

A mulher quer ser possuída em sua abstração, em sua geografia mutante, a mulher quer ser descoberta pelo homem para ela se conhecer. Ela é uma paisagem que quer ser decifrada pelas mãos e bocas dos exploradores. Ela não sabe quem é. Mas elas também não querem ser opacas, obscuras. Querem descobrir a beleza que cabe a nós revelar-lhes. As mulheres não sabem o que querem; o homem acha que sabe. O masculino é certo; o feminino é insolúvel. O homem é espiritual e a mulher é corporal.

A mulher é metafísica; homem é engenharia. A mulher deseja o impossível; desejar o impossível é sua grande beleza. Ela vive buscando atingir a plenitude e essa luta contra o vazio justifica sua missão de entrega. Mesmo que essa "plenitude" seja um living bem decorado ou o perfeito funcionamento do lar. O amor exige coragem. E o homem... é mais covarde. O homem, quando conquista, acha que não tem mais de se esforçar e aí, dança... A mulher é muito mais exilada das certezas da vida que o homem. Ela é mais profunda que nós. Ela vive mais desamparada e, no entanto, mais segura. A vida e a morte saem de seu ventre. Ela faz parte do grande mistério que nós vemos de fora, com o pauzinho inerme. Ela tem algo de essencial, tem algo a ver com as galáxias. Nós somos um apêndice. Hoje em dia, as mulheres foram expulsas de seus ninhos de procriação, de sua sexualidade passiva, expectante, e jogadas na obrigação do sexo ativo e masculino. A supergostosa é homem. É um travesti ao contrário.

Alguns dizem que os homens erigiram seus poderes e instituições apenas para contrariar os poderes originais bem superiores da mulher As mulheres sofrem mais com o mal do mundo. Carregam o fardo da dor histórica e social, por serem mais sensíveis e mais fracas. Os homens, por serem fálicos, escamoteiam a depressão e a consciência da morte com obsessões bélicas, financeiras ou políticas. As mulheres agüentam firmes a dor incompreendida. O mundo está tão indeterminado que está ficando feminino, como uma mulher perdida: nunca está onde pensa estar. O mundo determinista se fracionou globalmente, como a mulher. Mas não é o mundo delicado, romântico e fértil da mulher; é um mundo feminino comandado por homens boçais. Talvez seja melhor dizer um mundo-travesti. O mundo hoje é travesti.
"Se deixarmos a água turva em repouso, ela se tornará limpa. Se deixarmos a mente perturbada descansar, ela também ficará clara."
Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que se quer.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram. Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentar sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas.
O futuro mais brilhante baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado.
A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar porque um belo dia se morre.

Clarice Lispector

22 de jun. de 2008

Mudanças

Porque as mulheres mudam o cabelo quando querem passar a idéia de que um ciclo encerrou ?O namoro acabou! Aquela fase de tristeza absoluta também. Aquela amizade antiga, de quando ainda éramos menininhas terminou, ela traiu sua confiança. Você perdoou; tudo bem, mas não pode confiar novamente. Ou apenas quer se sentir diferente.O que fazer pra mostrar pra você e para o mundo que uma fase na sua vida acabou??!!!! Mude o cabelo !!!!!É sempre assim! Com toda aquela adrenalina no sangue, você liga pro salão e marca uma hora. Nem pensa muito, a melhor forma de dizer que uma fase acabou é mudar, e nada evidencia melhor a mudança do que nossas madeixas.E lá no salão você pede:- Eu quero fazer algo diferente hoje amor, sei lá, repica isto tudo aí...- Eu quero que você corta t-u-d-o! E faz uma franja...- Eu quero o cabelo daquela Fulaninha lá da tv...- Eu quero o cabelo igual ao daquela mulher que saiu agorinha daqui...Ou, no impulso, nem formulamos um corte, ou uma cor pra eles. Chegamos lá como crianças pedindo conselhos pra melhor amiguinha. Viramos pro nosso amigo ou amiga com a tesoura ou tinta na mão e falamos:- Eu quero mudar, eu quero fazer algo no cabelo. O que você sugere?O momento é mágico, nada nos dá mais prazer do que ser ou parecer estar diferente.Eu já cortei meu cabelo na altura das orelhas e fiz uma franja. Fiquei com uma cara de criança. Já passei navalha e vi meu cabelo ser destruído em menos de um mês. Já pintei de preto, chocolate e já fiquei até loira!!Quando a necessidade é imensa, além de cortar mandamos pintar. Num episódio destes, eu fiquei com o cabelo bicolor e sem corte algum. Metade dele loiríssimo e a outra parte pretíssima, não foi intencional, e em menos de uma semana, pintei novamente. Já presenciei uma amiga, que, fico até sem palavras pra descrever a ‘desgraça’ que ela fez no cabelo. Simplesmente ela raspou!!! Levei um choque quando vi aquilo, até chorei (neste momentos não dá pra rir).Os cabelos são quase tudo em uma mulher.Procurando uma forma de ser diferente, de se apresentar diferente: mais madura, mais segura, mais ousada, mais frágil... Não pensamos (está é a verdade, pois se pensássemos não faríamos) e Zap! Lá foi a tesoura cortar, a tinta colorir...Estamos tão diferentes por fora, mas por dentro, continuamos as mesmas. A mesma insegurança, a mesma tristeza, a mesma desconfiança, a mesma aspereza, a mesma fragilidade, a mesma imaturidade, a mesma timidez.
Não tem problema, eu passo tinta e corto Outra Vez!

21 de jun. de 2008

"Para conquistarmos algo na vida não é necessário apenas força ou talento; é preciso ter vivido um grande amor" (Arnaldo Jabor)

20 de jun. de 2008

Que algumas pessoas não acreditem que o homem esteve mesmo na lua, dá até pra entender, mas tem gente que não acredita em AMOR, e isso é imperdoável. Podemos não acreditar no que nossos olhos vêem, mas não podemos desacreditar no que sentimos. Você já ficou com a boca seca diante de uma pessoa? Já teve receio de ela estar ouvindo as batidas do seu coração? Bem, isso tudo NÃO é prova de amor, apenas de ansiedade. AMOR é outra coisa.

AMOR é quando você acha que a pessoa com quem você se relacionava era egoísta, possessiva e infantilóide e isso não reduz em nada a sua saudade, não impede que a coisa que você mais gostaria neste instante é de estar tocando os cabelos daquela egoísta, possessiva e infantilóide.

AMOR é quando você não compreende direito algumas coisas, mesmo tendo o QI mais elevado da turma, mesmo dominando o pensamento de Sócrates, Platão e Nietzche. Perguntas simples ficam sem resposta, como por exemplo: como é que eu, sendo tão boa gente, tão honesto e com um coração tão grande, não consigo fazê-la perceber que ela seria a pessoa mais feliz do mundo ao meu lado?

AMOR é quando você passa dias sem ver quem você ama, depois passam-se meses, e aí você conhece outra pessoa e passam-se décadas, e você já nem lembra mais do passado, e um dia qualquer de um ano qualquer você se olha no espelho e pensa: como é que eu consegui enganar a mim mesmo durante todo esse tempo?

AMOR é quando você sente que seria capaz de amarrar o cadarço de um tênis com uma única mão ou de fazer a chuva parar só com a força do pensamento caso a pessoa que você ama lhe mandasse um sim deste tamanho.

AMOR é quando você sabe tintim por tintim as razões que impedem o seu relacionamento de dar certo, é quando você tem certeza de que seriam muito infelizes juntos, é quando você não tem a menor esperança de um milagre acontecer, e essa sensatez toda não impede de fazê-lo chorar escondido quando ouve uma música careta que lembra os seus 14 anos, quando você acreditava em milagres.

Tudo isso pode parecer uma grande dor, mas é uma grande dádiva, porque a existência do AMOR está toda hora sendo lembrada. Dor é quando a gente está numa relação tão fácil, tão automática, tão prática e funcional que a gente até esquece que também é AMOR.

(Martha Medeiros)

Dããããããniela...

Eu tava pensando seriamente em voltar a fazer terapia, sabe. Minha mãe fica me botando essas pilhas e eu acabo acreditando, daqui há pouco tô rasgando dinheiro e comendo merda... A realidade é: eu não sou uma só. Um ser qualquer ocupou meu corpinho e tomou as rédeas da minha vida. Esse rolo todo é só pra não assumir logo de cara que eu tenho sérios problemas de humor. Não é sempre, tá...mas tenho. Não necessariamente precisa ser na TPM, não. Tem horas que tô rindo até de fratura exposta, e no próximo minuto nem a comédia mais bizarra arranca um sorriso meia boca. Isso me pertuba. Queria mesmo me entender. Tenho pena de quem é obrigado a conviver comigo, já pensou como é lidar com uma maluca? Tudo bem, não sou assim sempre, mas sou. Assumo. Pior que ser, é ser encubado né? - "Quem é doida? Eu? Doido é você" Não, eu não meto essa. Eu sempre quis me apronfundar na primeira impressão que as pessoas tinham de mim: - "Dani, você é louca!" Tolos, achando que eu era doidinha porque falo um monte de merda, porque não tenho vergonha de nada, porque chego no Tropicas com sapato de peão, grito que amo no meio da rua, falo com estranho, faço amizade até com o ser mais escroto do universo, tenho uma mãe que é porra louca e um pai que é pior ainda... Mas nãããããããããão. Na verdade, eu faço revezamento de personalidade, a cada minuto troco meu nome, reajo de uma maneira inesperada, não sei se rio ou se choro, se amo ou se odeio, como pode? Queria tanto ser uma só. E cá pra nós, ser duas dá trabalho em dobro né?
é maldade dizer que está deprê, pq a raiva passa...

19 de jun. de 2008

Odeio quando me deixa falando sozinha e sai... aliás, tu tem me irritado bastante nos últimos dias. acabei de te desobrigar, não quero que faça mais nada... nunca faz mesmo. E sim, estou louca, na tpm e com raiva de ti!
Sim, porque sinto raiva por não gostar de mim como eu gostaria, por não fazer as coisas que espero.
Sim, raiva por ser tão auto confiante, por eu sempre cair na tua conversa fiada!
E pior que nem fala, é monossilábico.. o que me deixa com mais raiva ainda.
Sim, raiva, porque quero que me diga algo, que me mande longe, que termine ou que viva isso sem medo, que me deixe te conhecer...

10 de jun. de 2008

Despertar ao som de Caetano. Abrir os olhos e respirar fundo. Inspirar toda a coragem que estiver espalhada em micropartículas pelo ar. Expirar o resto de cansaço que fica assentado no travesseiro. A luz pálida da manhã que ainda não acordou ofusca a visão por alguns segundos. A armadura para a batalha de hoje pendurada na cadeira reluzindo. Arrastar o corpo até o chuveiro como carcaça... o cheiro da cama impregnado. A água morna quase violenta a pele, leva restos da noite ralo abaixo. O cheiro do sabonete invade as narinas e se instala em algum lugar entre o existir e a lembrança, se escondendo entre os poros. Mais tarde vai entrar em comunhão com as fibras da roupa. Os vários aromas misturados do shampoo, condicionador, óleo, sabonete e esfoliante, uma fragância familiar. Familiar até demais para essa hora da manhã, vai deslizando pelo corpo abaixo, se acomodando em cada milímetro. Ritual. Depois de tudo, ganhar a rua. Música ensurdecendo os ouvidos saindo dos dois pequenos cilindros de plástico, encaixados no ouvido. Todo dia é igual. Depois do ônibus, a caminhada pela assis brasil, carona, sempre está tocando Vanessa da Matta e cada rua transversal revela um pedacinho da selva de pedra. Vento nos cabelos. Inquietação no espírito. Djavan sussurrando ao pé do ouvido. A porta da realidade ainda está trancada a essa hora. Atravessar as ruas, o vento bagunçando os cabelos. Chegar à porta. E ver a racionalidade chegar até os pés. Hesitar e adentrar o mundo real, sem reclamar.

Garotas Daggers...

Ju e seus textos perfeitos para o momento!!!

Vinte e nove


Todo mundo é um pouco torto, me falou um amigo quando viu que eu estava certa: meu umbigo deveria ser mesmo mais para a direita. O que me incomoda agora, que eu vou fazer trinta anos, não é exatamente o fato de eu ser um pouco torta como todo mundo, mas o fato de eu ter descoberto que era tudo mentira. Era mentira que a vida se resolve aos trinta. Com vinte anos a gente acha que tudo vai se resolver aos trinta: nosso corpo, nossa auto-estima, nossa conta bancaria, nosso peito vazio, nossa vida amorosa.

Mas eu continuo torta e se bobear a coisa só piorou. Pior: minha ficha caiu e tenho certeza que não estarei menos torta aos quarenta. Não existe a grande e absoluta transformação. E aos trinta, em plena grande e absoluta transformação, você descobre isso.

Todo mundo é um pouco torto, penso enquanto tomo banho e decido não ir nem a pau até a Cidade Baixa. Ando mais do que meio torta, cheia de dor nos ombros e prefiro mais é curtir a novela esticada no meu sofá.

O que eu vou fazer lá? Me certificar pela milésima vez que odeio ficar de pé na calçada do Ossip e odeio esse clima de paquera “olá rapazes, vim até aqui para vocês compararem a minha bunda com aquela idiota marombada de dezenove e me dar nota quatro”. Tô fora. Não li esse monte de livros e não repensei zilhões de vezes a minha existência para ser reduzida a isso. Ser comparada à mulher melancia.

Aí uma voz chata pra cacete grita dentro de mim: você vai sim, sua velhota encalhada.
Que ficar esparramada no sofá que nada. Novela? Enquanto o mundo faz sexo você vai assistir novela? Vou. Vou sim. Porque to me lixando pro mundo que faz sexo. 90% desse mundo têm ejaculação precoce e os outros 10% não vão te ligar no dia seguinte. Vou ver novela. Tá decidido. Uma preguiça em arrumar homem. Novela pelo menos avisa “é a última semana!”. Homem some no auge da primeira.

Aí eu saio do banho, super decidida a não ir à Cidade Baixa e...é, eu sofro em colocar um pijama em plenas oito horas da noite. Cedo, né? Como é que eu vou casar desse jeito? Não vou. Esse papo de que homem bom você conhece de dia. Sei não. Quem é que vai me abordar no supermercado e dizer “Chuchu? Que legal! Eu também adoro eles!”. Não rola. E no trabalho? Não rola. Na época que eu trabalhava na noite passei o rodo mas agora, escritora, quem é que eu vou pegar se trabalho sozinha em casa? E tem outra também: passar o rodo combina com vinte anos. Com trinta você começa a chorar quando vê mulher grávida. Chorar em casamento. E, principalmente, chorar porque ainda não casou e nem está grávida.

Ok. Então eu vou. Vai que. Vai que hoje conheço alguém legal. Tudo bem que nos últimos quinze anos de balada (comecei com catorze) nunca conheci. E olha que na adolescência qualquer coisa não gorda e cheirosa tava valendo. Mas vai que. Não?

Não! Não, Dagger. Pensa bem. Olha sua caminha lá. Te esperando. Seus livros. O creminho de fazer massagem nos pés. Pra que voltar fedendo cigarro? Pra que ver gente que se odeia fazendo uma coisa que só as pessoas que se amam muito deveriam fazer juntas: tentar ser feliz. Um bando de gente perdida, saindo pelas ruas feito baratas no calor. Em busca de alguma coisa. Mas que coisa, gente? Marido é que não é. Ou é?

O que mais me dói é lembrar que eu tinha certeza que já estaria fora dessa vida com trinta anos. Com trinta anos? Eu pensava. Já vou estar ao lado do amor da minha vida. Pintando o quarto de salmão, que acalmando o bebê. Rica. Bem resolvida. Cozinhando. Sem medo que minha mãe morra. Com a voz firme. E a bunda também. Com trinta anos eu vou ter um carrão. E uma casa fashion com vista para árvores. E vou ajudar crianças carentes. E vou ter cara, roupas e postura de mulher. Afinal, são trinta anos.

Nada disso. Nada. Eu ainda me pego, vez ou outra, fazendo a combinação bizarramente juvenil de blusinha decotada, barriga de fora com jeans apertado. Eu não sei onde é a minha casa. Porque eu tenho um ap alugado, que é onde eu moro, eu tenho um ap alugado, que é onde eu trabalho e eu tenho um ap que não é alugado, mas é da minha mãe. Eu não sei ligar uma máquina de lavar sem ligar antes para a minha mãe. Eu não sei cozinhar quase nada sem antes ligar para a minha mãe. E, pela quantidade de vezes que eu falei na minha mãe só nesse parágrafo, já deu pra perceber que ainda faço terapia de medo que ela morra. O que um ser com idade mental de doze anos vai fazer num mundo sem mãe?

Mas eu não vou no Ossip. Tá decidido. Eu não bebo, eu não fumo, eu não faço sexo com idiotas (decidi isso faz pouco tempo, depois de praticamente ter ganhado carteirinha do clube “eu dou para idiotas”) e eu tenho pavor de peles desconhecidas esbarrando em mim. Pavor. Eu não vou.

Bebida pra mim é vinho, bem acompanhada. Restaurante chique. Ar condicionado. Boa música. Nesse quesito pareço alguém que vai fazer trinta anos. Ossip é para quem tem vinte. Vinho a dois para quem tem trinta. Mas esse é justamente o problema. Entendem? Eu não tenho, nesse momento, ninguém para dividir comigo as maravilhas de se ter trinta. Então, acabo me perguntando: será que eu não deveria ir à Cidade Baixa?

1 de jun. de 2008

"Feliz aquele que acredita em seus Sonhos, pois só assim poderá realizar seus vôos plenamente..."
"De uma coisa podemos ter certeza: de nada adianta querer
apressar as coisas. Tudo vem ao seu tempo, dentro do prazo
que lhe foi previsto. Mas a natureza humana não é muito
paciente. Temos pressa em tudo! Ai acontecem os atropelos do
destino, aquela situação que você mesmo provoca, por pura
ansiedade de não aguardar o tempo certo. Mas alguém poderia
dizer: - Mas qual é esse tempo certo? Bom, basta observar os
sinais. Geralmente quando alguma coisa está para acontecer ou
chegar até sua vida, pequenas manifestações do cotidiano,
enviarão sinais indicando o caminho certo. Pode ser a palavra
de um amigo, um texto lido, uma observação qualquer. Mas com
certeza, o sincronismo se encarregará de colocar você no
lugar certo, na hora certa, no momento certo, diante da
situação ou da pessoa certa! Basta você acreditar que nada
acontece por acaso!"